31 de março de 2011

o hipotético mundo dos se' s

É intrigante pensar nos se's da vida. Pensar que a nossa vida se delineou assim e não de outra forma por acasos e coincidências, por experiências que tivémos ou não e que nos tornaram o que somos. Podíamos perfeitamente ser outra coisa qualquer. Tipo um calhau. Ou um mendigo. Ou um nazi. Ou um mitra de calças de fato-de-treino pra dentro das meias brancas de turco da Puma. Ou o melhor jogador do mundo. Ou sermos da Igreja Universal do Reino de Deus. Ou já ter um rancho de filhos. Ou sermos podres de ricos. Ou sermos esquizofrénicos. Ou batermos na nossa mãe como o D.Afonso Henriques. Ou sermos a esposa do David Luiz.

Por estar no sítio certo à hora certa, no sítio errado à hora errada, no sítio certo à hora errada. Por decisões tomadas de cabeça quente, por coisas ditas com o coração na boca. Por termos feito uma escolha entre isto ou aquilo a que, na altura, nem demos muita importância. Por nos termos atrasado cinco minutos ou termos perdido aquele comboio. Por termos voltado atrás, daquela vez que saímos de casa e nos esquecemos do telemóvel. Por termos bons ou maus genes. Por termos nascido num país e numa cultura em vez de noutra. Por o tsunami ter varrido o Japão e não Portugal. Por uma troca de olhares. Por aquela primeira impressão que tivémos daquela pessoa. Por, certo dia, termos feito o trajecto trabalho-casa por um caminho diferente do habitual. E por todas estas coisas frágeis, incontroláveis que nos aconteceram a nós, aos nossos pais, aos nossos avós, aos nossos amigos, aos nossos namorados, às pessoas que nos rodeiam.


Não é que valha a pena pensar nisto. Porque além de ser cansativo, há coisas muito mais giras pra fazer, como por exemplo emborcar imperiais e comer tramoços. E passado o momento filosófico de merda do dia, tenho de ir continuar escrever a nojenta da minha tese. Até já.

24 comentários:

Pusinko disse...

Esse é o nome de um blog: http://mundohipoteticodosses.blogspot.com/

O teu texto está mesmo a convidar para uma reflexão... pelo menos a mim, num dia como hoje. :/

S* disse...

Olha a nojenta da tua tese... deve ser ainda mais nojenta que a minha. Ao menos a minha tem de ter só 100 páginas. ;)

Não vale a pena perder tempo a pensar nos se's.

Cat disse...

Pusinko, não sabia que era um blogue! :o Oooh então? :/

S*, a minha é ainda mais pequena do que isso. Mas é um artigo, dá muuuito trabalho. Boa sorte, querida. WE CAN DO IT!

Lady Me disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lady Me disse...

Eu às vezes perco tempo a pensar porque sou assim e não de outra maneira. Ontem um se destes invadiu-me quando bati num carro e quando a culpa foi minha e quando 5 minutos antes perguntei ao A. "vamos por aqui ou por ali?". Fui por onde ele disse mas a mim apetecia-me ir pelo outro. Se eu tivesse ido pelo outro talvez não tivesse tido um acidente mas também poderia ter acontecido outra bem pior. Nunca se sabe se tivesse sido de outra maneira, como seria. Foi só um toque mas gaja meteu pro seguro, de certeza que aquilo com água e detergente sai! :|

Força nisso!

Jedi Master Atomic disse...

Tens "dir"? lol
Olha, é melhor teres dir do que teres quir. E melhor ainda se tiveres zaver. :P

м disse...

não se chega a lado nenhum com estas perguntas. quanto muito ficamos frustrados porque deviamos ter feito de outra maneira, porque não deviamos ter dito isto ou aquilo, etc. uma maçada :)

Rita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rita disse...

Odeio pensar nos se's. E desconfio das pessoas que dizem não se arrepender de nada. Estão a enganar os outros e a elas próprias.

Agnes disse...

Às vezes penso nisso e, sim, torna-se chato e em geral não me ajuda muito =P Quanto a teses, já tive a minha dose, e que saudades que eu (não) tenho de a escrever...

Joana | My Pretty Mess disse...

Penso muito nisto. E por isso é que acho que tudo conta.
Nos vinte a vida anda a uma velocidade doida e damos por nós a experimentar tanta coisa que nem damos pela mudança, a nossa.

E tirando dois minutos, para ler textos como o teu!, recordo quem fui e o porquê de ter mudado.
Mas até que é bom esses ses da vida que não controlamos a 100%.

Anónimo disse...

Às vezes dou por mim a pensar que "SE" a minha avó tivesse tomates, podia ter sido o meu avô.
eheheheh

Mas também prefiro as imperiais e os "tramoços".
Assim que faz um dia de sol, a minha alma desabrocha para a imperial lool.

Cat disse...

Lady Me, e é super estranho (e na verdade, uma bela perda de tempo, sim) pensar nisso tudo, não é? Especialmente quando momentos antes tomámos uma decisão que conduziu aquele acontecimento... Que gaja parva! --'

Jedi, dir foi uma preposição inventada por mim que é igual a de + ir, ´tá bem? (Pronto, tens razão, já corrigi -.-')

м♥, mas não digo só nesse sentido, no sentido mau de perder oportunidades. Pelo contrário. Sei que tenho pessoas muito importantes na minha vida que conheci assim, por acaso :)

Rita, também não acredito nessa.

A., estou quaaaase a acabar a minha!

joana, é bom. Traz muitas coisas boas, muitas pessoas. Ou, pelo menos, parece-nos bom porque não sabemos como haveria sido se fosse de outra forma que não a que foi :)

Fresco_e_Fofo, muuuito mais fixe! :) costuma dizer-se "se a minha avó tivesse rodas, eu era um camião!"

S* disse...

YES WE CAN.

Jedi Master Atomic disse...

Mas eu não disse que era para corrigires. Assim "tava" melhor :P

Red disse...

tipo, "se a minha avó não morresse ainda hoje era viva"?

true. nem adianta pensar. eu por acaso estou a aceitar bastante bem o curso (menos) natural da vida. butterfly effect, dear, we can't change the past.

GATA disse...

Alto e pára o bailarico!

Ah e tal, tens razão mas, sendo eu um felino (pré) histórico, tenho que dizer-te que não existem provas que o D. Afonso Henriques bateu na mãe! A senhora fez queixa na polícia? Não! A família, os amigos, os vizinhos, denunciaram o caso? Não! São boatos para destruir a carreira política do homem!!!

Ora, vês, SE eu não tivesse cursado História, não estaria aqui a argumentar a defesa do meu querido Afonsinho! :-)

Cat disse...

S*, não duvido, querida :)

Jedi, engraçadinho! --'

Red, eu sei isso tudo, às vezes dá-me é assim uma certa diarreia mental :)

GATA, estamos sempre a aprender! Estava pr'aqui armada em esperta, afinal se calhar o Afonso era um jóia de moço!

Kikas disse...

eu acho que, uma vez por outra, sabe bem pensar nisto, para nos apercebermos disto. só não vale a pena é arrependermo-nos de certas coisas por pensar "e se..?". já está, já está.

Kikas disse...

pensando bem.. os melhores cigarros são mesmo os de chocolate :D

Sofia disse...

Adorei o texto. Morro de medo dos "ses", acho que eles podem controlar a nossa vida e viver do passado e de hipóteses é uma ideia simplesmente aterradora. Mas confesso que acho genial a forma como a nossa vida pode mudar só porque voltámos atrás porque nos esquecemos do tlm nesse dia, e isto fascina-me. Viste o "Efeito borboleta" e os "Agentes do destino"? São precisamente sobre isso (este último com mais ficção, mas vá). Por estes motivos, nunca penso "quem me dera poder voltar atrás e mudar aquilo" - eu sei lá onde ia parar se mudasse uma coisinha que fosse!

Carla Brito disse...

Também eu, estou a tratar da nojenta da minha tese!
Um treta!

E não, não vale a pena pensar nos se's!
Vale a pena, é fazermo-nos às vida e conseguirmos o que desejamos, o que nos faz feliz!
Nem que para isso tenhamos que mudar um pouco a nossa direcção!
E eu, estou a começar a descobrir isso agora... e estou a adorar!
;)

Força para nós!

stellamaris.blogs.sapo.pt

Pusinko disse...

É uma coincidência. Volta e meia passo lá e achei engraçado teres o nome do teu post igual ao do blog :)
De resto achei mesmo fixe o teu texto. O mundo dos "ses" é um meio de se perder tempo a idealizar o que poderia ter sido se nada fosse como foi.
Boa sorte para a tese!

C. disse...

é verdade, às vezes tb penso nisso [qd não tenho mesmo mesmo mais nada para fazer] LOL