21 de abril de 2009

Histórias de Psiquiatria

No Serviço de Psiquiatria do Hospital, o Sr. A., que está internado, aproveitou um dos raros momentos de calma, em que não circulam vinte pessoas, espalmadas umas contra as outras e, no elevador, espetou um beijo na boca da Sra. B., que é doente psiquiátrica, também internada no mesmo serviço.

A Sra. B. tem 60 anos e é uma pessoa extremamente depressiva e solitária, que começou logo a fazer castelos no ar. Que sente muito a falta de uma pessoa, que os dois juntos se poderiam ajudar mutuamente, "eu podia lembrá-lo de tomar a medicação, quando eu estivesse com vontade de ficar o dia todo na cama, ele ia dizer-me: "levanta-te daí, vamos dar uma volta!"... ".
Esta é a versão dela. Valha-nos serem ambos doentes da mesma psiquiatra, para conhecer os dois lados da barricada.

A versão dele é curta e simples e qualquer coisa que se traduz bem num: "não quero nada com ela".

E com isto se prova que os homens, de um modo geral e independentemente do local, situação social ou estado de saúde mental, são uns trastes. Isto não é um post feminista. Eu sei que há e conheço excepções. Mas esses sabem que não são e não se ofendem nada com isto, de certeza.

[Fiquei mesmo triste, pela Sra.B.!]


12 comentários:

*B* disse...

Realmente =(

Dexter disse...

Pois...os homens são algo diferentes das mulheres...mas há excepções!

Mas de facto coitada da senhora...e ainda por cima é depressiva :s

Pedro disse...

Existem excepções e mais excepções dentro das excepções. Um ciclo vicioso de personalidades que se formam. A Sra. B é uma romântica de um certo tipo, o Sr. A será de um tipo diferente. A dureza do trato esconde por vezes fragilidades maiores que a indiferença pelo outro. Não querendo fazer de advogado do diabo, talvez se o Sr. A soubesse o que quer a Sra. B, de forma brutalmente frontal, não teria como fugir ao pensamento que a vida foi feita para que uma pessoa se preocupe com outra pessoa.
A Sra. B pode ser depressiva, mas é corajosa porque não tem medo de sentir, de pensar num futuro, numa saída, de sonhar com dias melhores, o Sr. A é infeliz porque é indiferente à vida, porque se fecha, e não acredito que as pessoas não queiram ser felizes. No fundo a vítima acaba por ser o Sr. A, vítima da sua própria solidão.

Patrícia disse...

Raio do Sr. B! A Sr. A coitadinha...é a vida!

♥ Guida disse...

Nem na ala psiquiátrica isso muda... Trastes! Isso não são homens, são bichos!

Beijinho

Cat disse...

Pedro: tens muita razão no que disseste. Mas a Sra.B. é mas é uma pessoa sozinha que se agarra a qualquer pessoa que lhe dê qualquer coisinha, já que o que ela tem é tão pouco que qualquer coisa parece mais ou muito.

O Sr. A. podia só ter evitado ter-lhe pespegado um beijo!

**

Rita disse...

Realmente, tadita...

ADEK disse...

Oh! Corro o risco de ser cruel, mas o mais triste disto tudo é não ter ficado na tua turma de psiquiatria:(

Menina do Mar disse...

oh que sorte uma "história de amor" em psiquiatria e consegues conversar com as pss...
Onde eu estou, quando pensamos que estamos a ter uma conversa coerente, no meio, eles lembram-se de perguntar: "o que é que comeu?"

tadinha da Sra. A...
*

Laura Brown disse...

Também fiquei a pensar nisso e nas histórias da sra B. Especialmente quando contou que ficava na conversa com o sr.C à noite e quando davam por eles já era muito tarde. É uma imagem bonita, apesar do seguimento da história...

Maria Tudor disse...

olha o sacana do velho, an...

bjo e obrigada

Joana Rosa disse...

Que bela forma de se começar um namoro: "eu podia lembrá-lo de tomar a medicação...". Romantismo ao rubro!! eeheheh :)
Estou a brincar, Cat. Fiquei muito triste com a resposta do senhor A. Se nao quer nada com ela, pra que foi aquilo do beijo? ENFIM. Ha coisas que nao se entendem.