6 de janeiro de 2011

respiiiira que é só mais um ano.

desde que vim para Lisboa - na altura, a chorar baba e ranho que eu queria mesmo era ter ido para Coimbra pra lócura - que moro na mesma casa. Três quartos. E nesses seis anos, muita gente passou por cá. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito assim que me lembre de repente. Gostava muito de morar com pessoas. A sério, gostava mesmo. Quase quase sempre correu bem e existiram alturas maravilhosas, ahhh harmonia!, parecia uma família mas com a vantagem de não ter as partes chatas das famílias. E de ainda se sair com a família, trocar roupa com a família, rir até doer a barriga com a família, partilhar fumanços com a família. E chás. 80% delas eram pessoas desconhecidas, algumas que, cá, se tornaram grandes grandes amigas.

Mas, devagar, devagarinho - não só mas também devido a uma série de acontecimentos desencadeantes, enche, enche, enche, enche, enche, enche, enche! - tornou-se tudo diferente. E hoje, estou a anos-luz  dessa pessoa que descrevi acima.  Dava o meu dedo mindinho - só esse que os outros fazem-me falta - para poder morar sozinha. Quem diz sozinha, diz com alguém que eu quisesse que morasse comigo, se é que me entendem.

Para chegar a casa e aaaaaaaaahhhhh! silêncio, aaaaaaaaah! a casa só para mim., aaaaaaah aqui-vou-ser-feliz. Para poder ter as minhas coisas espalhadas por todas as divisões da casa, por todas as prateleiras [ e não só por uma no frigorífico, uma no congelador, uma no móvel da casa-de-banho, uma na despensa]. Para poder andar pela casa vestida ou despida como bem quiser. Para poder espalhar o amor em todas as divisões e não só no quarto. Para me poder esticar ao comprido no sofá da sala e adormecer aí, sem ter de dar lugar a ninguém. Para não ter de ver louça suja dos outros, migalhas dos outros, escovas de dentes dos outros, shampôs dos outros, jantares dos outros, os amigos dos outros, as merdas dos outros. E para não ter de me preocupar com que os outros vejam as minhas.  Não me apetece os dramas dos outros que já bem me chegam os meus. Para ver o canal que eu quiser. Para pôr a música que eu quiser a ouvir-se na casa toda. Para não ter de estar com sorrisinhos forçados, com cordialidades forçadas, com esforços esforçados.

Tudo me irrita. Sério, ando mesmo sensível. Sensível e egoísta e anti-social. Nem é das pessoas, é de mim própria. Mas como precoce que sempre fui, isto tudo chegou antes de eu ser uma pessoa com fonte de rendimentos e, como não passo duma estudante miserável não me resta outra opção senão casas de estudantes. Ou então montar uma tenda no parque de campismo de Monsanto.

26 comentários:

Mary Jane disse...

:D Também estou especialmente sensível. E as minhas colegas de casa até são uns docinhos... Acontece que viver à nossa maneira é que é.

D. disse...

Todos nós temos fases em que tudo e todos nos irritam, pelas mínimas coisas. Eu também ando assim, mas como vivo com o meu pai é com ele que me irrito. Basta ele deixar alguma coisa fora do sítio para eu ter vontade de trepar paredes. Dizem-me que é resultado de acumulação de stress. Talvez têm razão. Um dia que vá passar umas férias às Maldivas isto passa :p

S* disse...

Entendo perfeitamente. Durante ano e meio, às mil maravilhas... porreiro partilhar casa com a mana e mais duas. Mas no último meio ano foi o descalabro total. Chegavam e fechavam-se no quarto. Jantavam fechadas nos quartos e, pasme-se, convidavam gente e fechavam os convidados nos quartos.

B. disse...

Não passei por essa experiência, mas por outra totalmente diferente que foi começar a ganhar o meu dinheiro aos 22 e ir viver sozinha (só eu e a minha gata) aos 24. Amei. É uma experiência pela qual acho que todas nós, mulheres, devemos passar (assim que nos for possível, claro!)

Cat disse...

Não é coisa só tua...Toda gente queria ter o seu espaço ;) . Haja paciência

Sofia disse...

Pensa pelo lado positivo: é um treino para quando te casares. E mais tarde quando tiveres filhos.
Bjos

petiza disse...

Oh Cat, eu não passei por isso, no meu caso vim morar mesmo com família a sério- avó - e acredita que por mt querida que ela seja e ainda que tenha a vantagem de ter "a papinha toda feita" acredita tenho uma vontade tão grande de ter o meu espaço, o meu sofá, a minha tv SEM O MALATO e o meu rádio SEM MARCO PAULO!! E a mim ainda faltam 2anos... por isso, tá quase, aguenta ;)*

Red disse...

inspira, expira... não pares de respirar!! (conselho verdadeiramente útil do dia, admite -.- )

Dexter disse...

Já tenho essa sorte. E acredita...é muito bom! :D

silvia disse...

LOL!
É a idade!
Eu também já fui assim... Agora com o passar do tempo, tenho que ponderar muito bem a quem alugo o meu 4º vago aqui em coimbra porque já não suporto miudos que só querem farra e jantaradas!
Já trabalho, quero paz e sossego!
LOL
É a idade :P

Jedi Master Atomic disse...

Já moro sozinho há alguns anos e, de facto, não há nada que se compare a isso. A privacidade é algo que nós valorizamos muito.

Tu estás a passar por uma fase de maturação que TODA a gente passa. Inevitable as death, my dear Cat !!!

Rita disse...

Apesar de morar com o meu homem ele não passa cá a semana, por isso é como se vivesse sozinha, e é bom. Mas também faz falta a companhia e a segurança da presença de outra pessoa. *

Unknown disse...

Eu sou a típica sensível também :P

belo blog!

xoxo*

Gema disse...

Eu, pessoalmente, acho que não conseguia viver com outras pessoas. Já a minha familia me vai fazendo diferença, quanto mais pessoas que nem me são nada - sou mt egoista confesso.
Mas o nosso espaço é o nosso espaço e isso mais cedo ou mais tarde vai sentir-se em nós mesmos. Eu também começo a pensar numa casinha só minha e não a ter que dividir com a minha mãe.
Beijocas

ADEK disse...

Querida Cat: Podia escrever um post igual a este há cerca de um ano atrás. Depois ainda passaram mais uns meses até conseguir realmente resolver a minha situação. Morar sozinha era caro demais, mas eu não estava a aguentar a minha pseudo-depressão e irritabilidade na casa onde já tinha sido tão feliz, mas não era mais.

Agora está tudo bem, e nunca fui tão feliz! Sentirmo-nos bem em casa, é meio caminho andado para tudo o resto correr bem!

Cat disse...

Mary Jane, também já te faltou mais, darling.

Dani, adorava ir às Maldivas. Mas isso não ia mudar a situação domiciliária quando regressasse :P

S*, sei muuuito bem o que é isso.

Bê, e eu estou ansiosa! [ Aqui nem posso ter gatos, já viste? :( ]

Kah, estou a tentar ter.

Sofia, nada a ver. Se me casar e tiver filhos QUERO morar com o meu homem, QUERO morar com os meus filhos, nada a ver com isto.

petiza, tenho noção de que isso é muito pior. Entre morar com a minha avó ou morar onde mora (mesmo que nestas condições) não tenho dúvidas. Coragem!

Red, conselho formidável :)

Dexter, e tu passaste de morar em familia pra morar com a Cuequinha. Deve ter-te sabido que nem ginjas :)

Silvia, e eu devia ter ponderado melhor se calhar.

Jedi Master Atomic, inevitável mas custa!:)

Rita, eu dantes quando gostava disto, pensava isso. Agora já estou farta de companhia.

Ivânia Santos (Diamond), :)

Gema, e a tua mãe não podes expulsar de casa! :P

ADEK, revi-me totalmente no teu comentário. "Eu não estava a aguentar a minha pseudo-depressão e irritabilidade na casa onde já tinha sido tão feliz, mas não era mais". Isso sou eu. Imagino como deves estar bem agora :)

Joel de Sousa Carvalho, cozinhar não é o meu forte ;)

Anónimo disse...

Como eu te compreendo. Foi há muito tempo, mas compreendo-te na mesma. Não foi em residência de estudantes, mas continuo a compreender.
Viver, ainda que com um familiar, numa casa cheia de gente... viver numa caserna com 350 gajos a cheirar a chulé, ou mesmo numa pensão rasca cuja clientela, na sua maioria, era tropa, ter a "ambiçãozinha" de estender no sofá, andar nu ou vestido pela casa e todas essas pequenas ninharias que nos fazem sentir donos da nossa vida, fez do "vadio" que não parava em casa (a casa dos outros), no tipo caseiro que ainda sou.
Gosto muito de sair, ir de férias para longe (quando posso), mas a minha casa é a minha ilha deserta.
Tem calma, um ano passa depressa.

Bjs.

Ana das Pontas disse...

Olha, foste "atacada" pela propaganda do senhor a querer cozinhar. Comentário eliminado no meu blog. (sou mesmo mau feitio!) :P

JB disse...

Oi Catsy Cat,
como eu te percebo...tenho uma necessidade enorme de passar momentos sozinho...e é uma necessidade que me faz stressar caso não a preencha. Se bem que já fui pior...Mas não faço ideia do que é viver com desconhecidos. É sempre um risco porque pode calhar qualquer tipo de pessoa, mas se fosse comigo e começasse a sentir-me claustrofóbico, teria de ser muito egoísta e as coisas passariam a ser "my way or the highway"...Hoje em dia, ainda a viver com a família limito-me a isolar-me num quarto fechado quando quero estar sozinho e a aproveitar quando realmente estou: ouvir musica em altos berros, meter o amplificador da guitarra quase no máximo e fazer barulho...simplesmente isso..e se os vizinhos se queixarem, que o façam à polícia porque os meus pais não estão cá para aceitar as queixas..

E acredita, Catzinha, que já vi muitas situações más com pessoas que viviam nessas casas de estudantes...desde roubos, imensos insultos, vandalismo, etc...Anima-te, bj

Malinha disse...

Bahhh como te compreendo também quero uma só para mim, espero que este ano o consiga, a ver vamos...
;)
bjs

Lady Me disse...

Eu vivo com os meus papis, mas depende. Esta semana só pus os pés em casa hoje, há cerca de meia hora e na terça. De domingo até hoje -> casa do meu namorado. Casa de estudantes. Cinco gajos e uma gaja e eu. E quem me dera que aquela casa só tivesse eu e ele. :(

Odalisca disse...
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Odalisca disse...

Eu devia ter passado por essa fase antes.... quando estudava...o que não aconteceu, vivia com a minha avó e pai, acabei os estudos comecei a trabalhar revoltei-me e quiz morar sozinha, assim o fiz... ate vir um amigo ah e tal a amiga e bla bla... e pronto uma pessoa quer ajudar e facilita um quarto durante 3 meses para ela frenquentar o curso... passou os 3 meses sem iniciar o curso mas ela cá.... ESTOU FARTAAAA!!! fonix caracinhas... nunca mais me metem numa destas... já lhe disse para procurar outro ninho, já anda a ver e espero que saia depressa.... é que se ela não abusa se... estendi lhe a mão devorou-me por inteiro... e a minha parte virgem está aqui a revoltar-se pk ela é super dessarrumada e não limpa nada... a mim já me custa limpar as minhas coisas (e limpo) qt mais as dos outros... Quando morares finalmente sozinha vais estar no paraiso querida, tudo á tua maneira e nunca penses o contrário :P

Odalisca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cat disse...

Fresco_e_Fofo, e é essa sensação espectacular que sinto falta. Do "lar doce lar". Humpf.

Zaahirah, fuuui! --'

JB, cá também não chega a esse extremo (quer dizer, ainda não chegou) mas sim, há situações que correm muito muito mal. Fazes o mesmo que eu: o meu quarto é o meu santuário. Também hás-de sair daí um dia! :)

Malinha viajante, espero que seja este ano então, querida :)

Lady Me, é exactamente o que me apetece quando estou com o meu namorado na casa dele ou na minha: expulsar toda a gente e mudar a fechadura!

Odalisca, xii, coitada, estás numa situação péssima também. Ainda por cima já moravas sozinha.. :/ Eu, essas merdas já aprendi, nada de ser boa pessoa, nada de fazer favores do género. Dá sempre mau resultado :/ Boa sorte, pra ti, querida.

Espada disse...

Nem eu conseguia descrever melhor o meu estado de alma, como tu o descreveste!!! Uma coisa é ser estudante durante vários anos sem grandes responsabilidades. Jantaradas, borgas, nights, faltar às aulas, etc. Comecei por morar com seis pessoas, passaram para quatro e depois para duas(Évora). Agora vivo apenas com mais uma (Lisboa), e mesmo assim é demais. Porque que é que a crise tinha de aparecer nesta altura??? Se não fosse por isso, já tinha o meu proprio cantinho.
Alugar casa em Lisboa?? T1 500€-600€ (!!!)
Passados mais de dois anos do primeiro dia de trabalho, a vidinha continua como se fosse de estudante(sem a parte das borgas, jantaradas, ...)