21 de setembro de 2010

Este post ia chamar-se "desgostos amorosos" mas está a soar-me tão piroso, tão à Tardes da Júlia que não sei que faça.

It sucks, é verdade. Mas é uma ingenuidade acreditar que o Tempo não cura tudo, tudo, tudinho. Mesmo que leve anos, passem vendavais, tsunamis ou outros desastres naturais, vão pessoas, venham pessoas.


Falo principalmente dos primeiros. Quando não se sabe lidar com a coisa. Quando era tudo cor-de-rosa, país das maravilhas, mimimi e de repente, olha, merda pr'aquilo tudo. E embarca-se numa espécie de egocentrismo. Muito dramalhão, uso abusivo de palavras drásticas, acreditamos piamente que - afinal não vai ser só em 2012 - o mundo vais mesmo acabar ali. Achamos que nunca ninguém sofreu tanto como nós, que nunca ninguém sentiu tão intensamente aquilo que estamos a sentir, achamos que Maria Madalena quando se arrependeu, não chorou nem um dos terço dos baldes que nós chorámos. Irritam-nos os clichés - precisamente como o do tempo curar tudo - e ai jesus, credo, meu deus, nossa senhora, buda, alá  e mais não-sei-quantos deuses e santos e anjos e arcanjos ali todos de repente invocados em vão. Achamos que buaaaaa, já nem conseguimos dizer o que é que achamos porque entretanto começamos a soluçar. A Kleenex agradece o aumento dos lucros mensais. Não queremos saber de nada, regredimos a esta fase, como se tivéssemos de novo três anos:

Mas mais tarde ou mais cedo, geralmente mais tarde, tchanaaam!, ficamos curados. Curados na verdadeira acepção da palavra. Não o curado de estar sempre ansioso por saber onde a pessoa está, o que é que faz, com quem é que anda. Não o curado de procurar ver a pessoa. Não o curado de procurar não ver a pessoa. Não o curado de, de vez em quando, ainda ficar a pensar naquilo antes de adormecer. Não o curado de pensar E se... seguido de uma série de conjecturas estúpidas. Não. O curado de cicatrizado, arrumado, indiferente.

E é muita energia investida em sofrimento. É um desperdício. E agora - pelo menos eu - quando olho para trás, não consigo fazer outra coisa que não rir-me de mim própria e disso tudo. E pensar Era tão pateta, aiiii, se eu soubesse o que sei hoje!


Não, não arrumei nenhum caso pendente recentemente, obrigado. 
É só uma divagação abstracta, sem relação espaço-temporal com nada. 

17 comentários:

Lia disse...

há uns tempos encontrei um diário (eu tinha um diário, GOD) e estive a ler... quem diria que eu tinha tanto jeito para o drama! Quase morri de amor duas vezes no 10º ano...
olhando para trás, tens toda a razão! Pateta eu, caraças!

Emma disse...

Não podia estar mais de acordo! Não dá não dá, só mais tarde vemos o benefício de tudo ter acabado :)

Jedi Master Atomic disse...

Mas é verdade que o tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. É o que tu fazes durante esse tempo que pode curar.

PS: Deu-me para a filosofia hoje :P

B. disse...

Ainda bem que o sabes - há pessoas que nunca o aprendem! :D
Agora toca a manter essa aprendizagem para a vida!

Gelatina de morango disse...

Ainda estou a cicatrizar o primeiro, de um namoro muiiito longo (e tenho a mesma idade que tu...verdade!) e já posso dizer que já dói menos. Houve dias (muitos) em que achei que era fisicamente possível morrer-se de sofrimento. Não é. Estou aqui. Ainda não a 100%, mas a 50 talvez =).

Rita disse...

Os sentimentos, os sentimentos... Há coisas que simplesmente não controlamos, mesmo quando já passámos pela situação.

Mas sim, vamos aprendendo e prevendo melhor as coisas.

Rita disse...

Ai nem me lembres.. Tanta choraminguice e tristeza e mais não sei o quê.. Enfim.

*

Lady Me disse...

Podes crer! parece mesmo que ninguém sofre mais do que nós, que ninguém sabe o que é aquilo! O que os outros sofrem é uma coisa de meninos quando comparamos com o nosso sofrimento e depois quando esse tcharannnn chega, dá mesmo vontade de rir! Mas a verdade é que sofremos e doeu mesmo! Mas também é verdade que realmente o tempo cura tudo, pelo menos pra desgostos amorosos é o antídoto.

m disse...

"It sucks, é verdade. Mas é uma ingenuidade acreditar que o Tempo não cura tudo, tudo, tudinho. Mesmo que leve anos, passem vendavais, tsunamis ou outros desastres naturais, vão pessoas, venham pessoas.
"


tens tooooda a razão. é como deixar de fumar , deixar de beber. Acabou, mas as vezes apetece tanto.

Joana disse...

uma divagação cheia de sentido!

Abby Richter disse...

concordoo :)
(adoro a foto)

Kikas disse...

pronto, está dito, nem vale a pena acrescentar mais nada :p

mas.. [all] boys, urgh, mesmo! xD

J. disse...

Curiosamente escrevi um post deprimente sobre esses assuntos ainda há pouco. Concordo com o que escreveste totalmente, mas varia com a duração e intensidade de cada relação. Dar a volta todos damos, não sei é se ficamos próprios para consumo para quem vier a seguir ;)

mary disse...

sim, o tempo cura tudo mesmo! mas muda-nos tambem. estamos curados, mas mudados, e acho que é realmente isso que nos faz desatar a rir da nossa figurinha palerma na dita altura. Eu, no final do meu primeiro namoro, não podia ligar a tv que chorava até a ver os ursinhos carinhosos no canal panda! Chorava a prantos! E tive um bruto ataque de riso agora x) ridiculaaaaaa. tão gira, tão tontinha, se eu soubesse o que sei hoje... :P

(dis)Grace disse...

Cat, o tempo cura, aqui tens a prova, ouve. * http://www.myspace.com/nervoprojecto

joana vasconcelos disse...

EU ADORO ESSE FILME!! vi-o tantas vezes quando era mais novas!

Olhos Dourados disse...

É exactamente isso, mas quando estamos a passar por elas não pensamos assim.