Imaginem a pessoa A e a pessoa B, muito amigas. Mas depois, a pessoa A faz merda atrás de merda à pessoa B. Pessoa B não gosta que abusem dela e muito menos que lhe pisem os calos e deixam de ser amigas, passando, progressivamente, a uma relação só de Olá, Bom dia, Boa tarde e Adeus, o cordial estritamente necessário.
A pessoa A espera há muito tempo pelo acontecimento X, que se previa que não viesse a dar-se. Fortuitamente, e sem ter empenhado esforços nesse sentido, o acontecimento X desejado pela pessoa A, acontece na vida da pessoa B. Apesar da pessoa B nunca ter perdido demasiado tempo a pensar se queria ou não que o acontecimento X se desse com ela, quando este, quase por acaso, se concretiza, a pessoa B fica todinha feliz da vida. O acontecimento X é, definitivamente, uma coisa boa.
Em tempos idos, a pessoa B, como é um bocadinho idiota, teria perdido algum tempo a sentir-se mal pela sorte que teve. Mas dadas as circunstâncias actuais de relação altamente deteriorada, a pessoa B nem sequer consegue sentir-se mal.
A pessoa A e a pessoa B, infelizmente para ambas, são obrigadas a conviver com elevada frequência. A pessoa B sente que a pessoa A quer abordar o tema X para fazer a pessoa B sentir-se mal mas está no falo, não-falo, falo, não-falo. A pessoa B não quer abordar o tema por iniciativa própria porque, simplesmente, não tem nada a alegar e está bem assim.
E voilá, é isto a guerra fria.